Mauro Luiz Dias de Araújo
Pois é, pela primeira vez em uma Copa do
Mundo, a arbitragem está utilizando o spray à base de água,
que desaparece em um minuto após o uso. Ele serve para
marcar onde a bola deve ser colocada em uma cobrança de
falta e também demarcar o local onde a barreira deve ser
formada. A FIFA não faz alarde da invenção, talvez por se
tratar de um invetor brasileiro, um mineirinho de 43 anos de
idade, lá de Ituiutaba, Triângulo Mineiro. O nome dele –
Heine Allemagne.
Entre tantos desafios em uma partida de
futebol, manter a barreira a nove metros e quinze
centímetros do local da cobrança de falta sempre foi um
grande problema para os árbitros. Como fixar os jogadores na
posição exata, sem algo para demarcar o local? Era quase
impossível.
Visando eliminar o problema, em 2000,
Heine cria um spray, inspirado em espuma de barbear. O
produto, feito a partir da composição simples que é a espuma
volátil biodegradável, pode durar até um minuto sobre a
grama. Um ano depois de sua invenção, ele passa a ser usado
por árbitros da CBF. Em 2008, foi a vez da Conmebol aprovar
seu uso e, após 12 anos, o invento é aprovado pela FIFA e
pela International Football Association Board (IFAB), órgão
que regulariza as regras do futebol. A aprovação permitiu
que as federações de todo o mundo usassem o spray.
A criação de Heine foi registrada como
SPUNI e seu caminho para aceitação foi duro. Desde o começo,
Heine tentava obter o reconhecimento da FIFA, mas o pedido
foi negado quatro vezes até que, em 2012, o spray foi
aprovado pela Federação. Ufa! “Passar por uma avaliação tão
rigorosa é uma conquista. Não entraria nessa luta se não
fosse para conseguir este resultado. Mas a vitória veio de
verdade quando eu vi o spray sendo usado no meu país,
durante o mundial. Este foi o meu troféu por 12 anos de
luta”, comemora Heine Allemagne.
Ainda segundo Heine, o recipiente teria
que ser uma coisa fácil de carregar, como um celular e de
manuseio prático. Deveria ter também um bico que desse o
jato de espuma diretamente para baixo, sem o risco de
esguichar no rosto do árbitro e um tubo de alumínio, por
questões ambientais.
Mauro Luiz é jornalista.
<mauro.lda@gmail.com>