O complexo esportivo Caio Martins - que
ocupa quase 50 mil metros quadrados da Zona Sul de Niterói,
em um dos endereços mais caros e cobiçados pela especulação
imobiliária Niterói - pode ser transformado em um grande
parque urbano, com espaços para esportes, cultura e lazer. O
projeto é dos deputados estaduais Felipe Peixoto (PDT) e
Comte Bittencourt (PPS), que ingressaram na Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) com o pedido
de revitalização da área que guarda a única piscina olímpica
da cidade e já foi palco de shows, feiras, apresentações
circenses e centenas de disputas esportivas. Mas hoje segue
oferecendo apenas atividades esportivas grátis para a
população.
A notícia alivia as preocupações com os rumores sobre o
destino do Caio Martins que, literalmente, pulsa no coração
de Niterói há 73 anos e receberia com o projeto novidades
como acesso à internet, pistas de skate, ampla
infraestrutura de vestiários e, claro, diversas quadras.
Nascido e criado no bairro Pé Pequeno, Felipe Peixoto vê o
complexo como uma importante área para famílias desfrutarem
de lazer, aos moldes do Parque Madureira, na Zona Norte do
Rio, inaugurado em 2012 com 90 mil metros quadrados (o
equivalente a 14 Maracanãs), sendo o terceiro maior parque
carioca, atrás apenas do Aterro do Flamengo e da Quinta da
Boa Vista.
- A ideia é transformarmos o complexo em um parque para toda
a família, com atividades gratuitas para todos os gostos e
idades. Defendo a recuperação do Caio Martins há anos, e
evidenciei isso em 2012, quando concorri à Prefeitura de
Niterói. Com o governador Pezão, teremos a oportunidade de
restaurar este rico e diferenciado espaço que é, por
direito, dos niteroienses - frisa o deputado.
Para o estudante de arquitetura Matheus Azevedo, de 22 anos
e residente no Largo do Marrão, a cidade ganhará muito com o
projeto. “Sei que há no ginásio atividades gratuitas para a
população, mas Niterói precisa de áreas de lazer também, e o
Caio Martins é privilegiado em termos de localização, de
fácil acesso para todos os cantos da cidade. Seria um
orgulho termos um grande parque urbano com espaço para
esporte, cultura e lazer, a exemplo de Buenos Aires, Nova
York e outras cidades de primeiro mundo", compara Matheus.
História - O Caio Martins foi inaugurado em 20 de julho de
1941 pelo governador Ernani do Amaral Peixoto, para que a
então capital do antigo Estado do Rio sediasse também jogos
do Campeonato Carioca. O nome do estádio é uma homenagem ao
escoteiro Caio Vianna Martins, que morreu aos 15 anos em
decorrência de um acidente ferroviário em Minas Gerais,
quando viajava para São Paulo com colegas. Caio cedeu seu
lugar nas poucas macas disponíveis para socorrer os feridos
mais graves e, ao justificar o ato, disse a frase que se
tornaria um dos símbolos do escotismo: “Um escoteiro caminha
com as próprias pernas”. Após andar alguns quilômetros,
chegou à cidade de Barbacena, mas faleceu em seguida, vítima
de forte hemorragia.
Prisão militar - Ao longo de seus 73 anos, o Caio Martins
teve participação em muitos dos fatos que marcaram época no
país. O complexo esportivo sediou, por exemplo, os jogos
preparatórios para a Copa do Mundo realizada em 1950 no
Brasil. Mas nem só de glórias vive o Caio Martins. O estádio
fez parte de um triste episódio da história brasileira, a
ditadura militar, ao servir de prisão para militantes
políticos em 1964, fato repetido por outros regimes
ditatoriais sul-americanos.
Pertencendo ao Botafogo desde a década de 1980, o Caio
Martins teve sua última partida de futebol em 12 de dezembro
de 2004, quando o time perdeu por 2 a 1 para o Corinthians.
Atualmente, recebe escolinhas e alguns jogos das categorias
de base do alvinegro, sendo ainda um dos pontos alternativos
de treinamento da equipe profissional.