Com o aumento do número de casos de sífilis congênita,
Secretaria de Estado de Saúde lança campanha de luta contra
a doença. Notificações dobraram de 2010 a 2014, totalizando
13.013 casos no estado
Transmitida de mãe para filho durante a gravidez, a sífilis
congênita é uma realidade cada vez mais preocupante nas
maternidades da rede pública de saúde. Entre 2010 e 2014, o
número de casos da doença no estado duplicou: passaram de
1.535 para 3.588 no ano passado. Para alertar a população, a
Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro lança, nesta
sexta-feira (16.10), uma campanha de luta contra a sífilis,
com ações e metas junto aos municípios. A ideia é aumentar a
identificação da doença e melhorar a qualificação do
pré-natal na rede pública de saúde. Para isso, as gestantes
devem fazer a testagem duas vezes ao longo da gravidez na
gestação e antes do parto, e seu parceiro também deve ser
tratado para evitar a reinfecção.
Em 2010, o índice estadual foi de 7,1 casos por mil nascidos
vivos e chegou a 15,4 em 2014. Ao todo, de 2010 a 2014,
foram notificados 13.013 casos de sífilis congênita no
estado. Em relação à faixa etária da mãe, houve a evidência
que o maior percentual de gestantes se encontra entre 20 e
34 anos de idade, representando 61,4% dos casos
diagnosticados, no período de janeiro de 2010 a agosto de
2014.
- Através do diagnóstico precoce e do tratamento adequado, é
possível evitar que a criança adquira a doença. Infelizmente
a sífilis congênita ainda é uma causa frequente de abortos e
má-formação do feto – diz o subsecretário de Vigilância em
Saúde, Alexandre Chieppe.
Plano de Enfrentamento da Sífilis Congênita - Para a
campanha, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro
vem preparando ações junto aos municípios. Entre elas, está
a pactuação do plano de enfrentamento da sífilis congênita
com gestores municipais de saúde, incluindo metas e ações a
serem realizadas para controle da doença na gestação. Entre
os objetivos estão: aumentar a detecção precoce da doença;
ampliação de tecnologias para o diagnóstico e tratamento
precoce; melhorar o acesso dos parceiros das gestantes às
unidades de saúde para realização do teste e a qualificação
de profissionais de saúde que atuam na atenção ao pré-natal.
- Caso o resultado seja positivo, é importante que a mulher
faça o tratamento adequado e o parceiro também seja
avaliado, já que há risco de reinfecção. A sífilis tem
tratamento e cura, por isso é importante o diagnóstico
precoce – afirma Felipe Peixoto, Secretário de Estado de
Saúde.
Tratamento - O exame de sangue para identificar a doença
deve ser feito ainda no primeiro trimestre da gravidez nas
Unidades de Atenção Básica, nas redes municipais de saúde e
nos serviços que realizam pré-natal pelo SUS. Recomenda-se
que o teste seja repetido no terceiro trimestre de gestação
e, novamente, antes do parto. Se a mãe estiver infectada, é
possível que o bebê nasça com complicações. Importante
também que seus parceiros sexuais sejam diagnosticados e
tratados, já que há risco de reinfecção.
Por isso, todos os bebês que nascem na rede pública de saúde
devem realizar o exame para identificar a doença. Em caso
positivo, a criança precisa ficar 10 dias internada para
receber a medicação adequada, o que muitas vezes aumenta o
tempo de internação também das mães.
Sinais e riscos da doença - A sífilis congênita pode causar
má-formação do feto, nascimento prematuro, aborto e até a
morte do bebê. Na maioria dos casos, a sífilis se manifesta
logo após o nascimento, mas a doença pode se manifestar até
os dois anos de vida. A criança doente pode apresentar
pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados,
surdez, dificuldade de aprendizagem, retardo mental e
deformidades ósseas.
Nas mulheres e nos homens, os primeiros sintomas da doença
são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços nas
virilhas (ínguas), que surgem entre 7 a 20 dias após a
contaminação. Se progredir, a doença pode causar manchas em
várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e queda dos
cabelos. A doença pode ser transmitida por relação sexual
sem preservativo com pessoa infectada, por transfusão de
sangue contaminado ou da mãe infectada para o bebê durante a
gestação ou o parto.