Um amigo, que
mora na cidade do Rio de Janeiro, recentemente comentou
comigo que o trânsito de Niterói está muito ruim e a
violência aumentou consideravelmente. Durante a conversa,
ele me perguntou o porquê de a cidade ter sofrido tamanha
transformação para pior nos últimos dez anos. A indagação
dele, carregada de indignação, faz todo o sentido. Há dez
anos, antes do fatídico boom imobiliário que fez com que
alguns ganhassem dinheiro e outros investissem de modo
equivocado, bem como, antes da implementação do projeto da
Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na cidade do Rio de
Janeiro, a querida cidade de Niterói era tranquila e sem
engarrafamentos cotidianos.
Contudo, com o
advento da UPP e o crescimento exponencial de construções
residenciais em Niterói naqueles últimos dez anos, a cidade
submergiu no caos urbano que assola grandes metrópoles, mas
com a estrutura de uma pequena e antiga cidade. Com a
instalação das UPP’s na cidade do Rio de Janeiro, diversos
bandidos se evadiram daquela cidade, encontrando abrigo para
a continuidade de suas atividades ilícitas em Niterói.
Contudo, o efetivo da polícia militar, lotado na cidade de
Niterói, não conseguiu aumentar na progressão geométrica do
aumento da quantidade de bandidos e crimes em nossa cidade.
O resultado não poderia ser outro senão o aumento da
criminalidade em uma cidade que já foi considerada uma das
melhores qualidades de vida do Brasil. Em matéria de
segurança pública, o que se vê e se lê em relação à Niterói
são arrastões no trânsito, guerra do tráfico em comunidades,
roubos e furtos praticados contra transeuntes, entre outros
crimes.
No quesito
trânsito, Niterói deve ocupar uma das piores posições entre
as cidades que não são capitais. Desde a saída da Ponte
Rio-Niterói, após a praça do pedágio, até a Rua Miguel de
Frias o que vemos é um intenso tráfego de veículos, sem
precedentes em nossa cidade, que provoca engarrafamentos que
chegam a quarenta minutos, dependendo da hora em que se
passa com o veículo naquele trecho. Se a saída for para a
Alameda São Boaventura, a situação pode ficar mais drástica,
podendo chegar a mais de uma hora, em um trecho de mesma
extensão que aquele citado anteriormente. Agora, se a saída
for a Av. do Contorno, prepare-se para ouvir as músicas de
um CD de boa qualidade musical, pois será necessário para
superar o trauma do trânsito ofertado pela organização de
trânsito de Niterói.
Segundo
motoristas de ônibus e taxistas da cidade, que se
manifestaram com suas opiniões de profissionais do trânsito,
o tráfego de veículos piorou em virtude das más opções
feitas pela Prefeitura em relação às vias públicas. Uma das
principais reclamações é o funil que foi criado na Rua Dr.
Celestino, no Centro de Niterói, e o “mergulhinho” que foi
construído mais para inglês ver, pois a eficiência é baixa
perto do que poderia proporcionar se ele fosse mais extenso.
Alguns dizem que a obra teve que ser interrompida – e por
isso o dito mergulhão ficou pequeno – porque encontraram uma
rocha subterrânea. Se isso for realmente verdade, a pergunta
que não quer calar é: não é feito um planejamento e estudo
do local em que se vai realizar uma obra daquele porte antes
de efetivamente colocá-la em prática?
Assim, o que
presenciamos em nossa sempre estimada cidade de Niterói é
uma situação de caos instaurado pelas mudanças permitidas
nos últimos anos que não melhoraram a nossa qualidade de
vida, mas, ao contrário, têm feito com que alguns
niteroienses começassem a optar por novos lugares para
estabelecer suas habitações. Infelizmente, os que ficam e
ainda acreditam na Niterói de outros tempos sofrem com as
mudanças, mas se mantêm convictos de que tempos melhores
virão.
Siga acreditando e viva a cidadania!
Professor Barragan é Advogado, Contador,
Vice-Presidente da Comissão de Cultura Jurídica da OAB
Niterói, Professor de Direito Tributário e Financeiro e
Mestre em Direito Econômico e Desenvolvimento | Facebook:
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