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​Emir Larangeira, o polêmico coronel
reformado da polícia militar, fala sobre
os problemas da Segurança Pública

   

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André Lar Belle / Colaborador

Todas as pessoas, que trabalham e vivem em prol de uma melhor sociedade, devem estar em destaque. Emir Larangeira, coronel reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, ex-deputado estadual e escritor, é uma dessas pessoas. Comparado ao humanista Thomas Morus, intitulado escritor e polêmico, Emir nos concedeu uma entrevista, para falar um pouco sobre Segurança Pública.

Na sua dupla condição de escritor com nove livros publicados e de oficial da Polícia Militar, qual é a sua avaliação da Segurança Pública em Niterói nos dias atuais?

- A resposta a esta indagação, na condição, de escritor, me obriga a me reportar aos tempos da Ágora de Péricles. A Ágora era uma praça onde o povo se reunia para discutir com seus governantes os problemas da comunidade, sem intermediários. Tal reflexão me leva à desastrada fusão do Rio de Janeiro com a Guanabara (1975), e ao impressionante esvaziamento de nossa capital. A fusão afastou ainda mais o povo do governante e também deslocou o interesse dos governantes para a nova capital, relegando Niterói a um plano secundário.

Qual a principal consequência da fusão na Segurança Pública de Niterói?

- Basta sublinhar o aumento populacional e a proliferação das favelas. O tráfico de drogas tomou de assalto todas as comunidades carentes, com danosas influências também no asfalto. Por conta da fusão, a Segurança Pública de Niterói capitaliza uma espantosa perda dos meios materiais e humanos na Segurança Pública.

O que o cidadão niteroiense deveria fazer para reverter este cenário? Como acabar com os tiroteios que assustam toda a cidade?

- Infelizmente, o povo brasileiro é muito conformado. Vive de ideologias e ignora a realidade. Esta tendência de abraçar o ideal e ignorar o real, afeta também o niteroiense. Um dos exemplos mais sugestivos é quando a população vai às ruas de bandeira e camisetas brancas, para reclamar da violência pedindo paz. Pedindo paz a quem? Existe uma disputa violenta entre bandidos pelos pontos de venda de drogas. O tráfico é um dos mais promissores negócios do mundo. Os bandidos, por sua vez, não se incomodam com a repressão policial. Ela é desproporcional ao poderio deles. São milhares de traficantes armados com fuzis de última geração, trocando tiros entre eles e enfrentando um aparato policial em desvantagem numérica e tecnológica.

O que a sociedade poderia fazer?

Ora, a população se acostumou a criticar a polícia. O cidadão prefere ficar entre os que estão na moda do “ideal”, dos Direitos Humanos etc. Só muda seu pensamento quando ele próprio é afetado pela violência. Mas aí reclama da polícia e se satisfaz apenas com a reclamação. Não participa. Só pede paz enquanto os bandidos riem de todos. Enquanto a sociedade reagir assim a tendência é tudo piorar.

Não há certo exagero no seu posicionamento?

Obrigado pela indagação. Ela reforça a minha tese de que este é o caminho mais fácil para se desviar da realidade. É seguro andar em Niterói?

Não é seguro andar em Niterói. É tiroteio em todos os lugares, notícias de assalto com morte. Mas isto não é problema do Estado? Afinal, o cidadão paga altos impostos.

- Tem razão, mas o cidadão não quer saber se há investimento suficiente na Segurança Pública. Mas insisto na indagação: quando foi que a sociedade Niteroiense se reuniu para reclamar desse esvaziamento desde a fusão? Respondo meu caro: nunca!

Realmente a situação é grave, e o povo niteroiense precisa conhecer esta realidade. Será que a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), em Niterói resolveria o problema?

- Ora, UPPs são um belo exemplo de falso ideal, se apresentando como realidade ao povo ingênuo. As UPPs representam o inverso do ideal. Ideal seria que houvesse máxima frequência do policiamento em toda a cidade. Curioso é que o povo aplaude as UPPs sem se dar conta de que há mil favelas só no Rio de Janeiro, e somente 40 delas contam com UPPs. Esse efetivo concentrado ocasiona às ruas vazias e o crime no asfalto tende a aumentar, além de não controlar o tráfico, fazendo o efetivo sofrer ataques de surpresa e aumentar, impressionantemente, o número de PMs mortos. Enfim, a UPP como ideal é linda! Como situação real é fracasso! As UPPs não resolverão nada em Niterói.

Agradeço a entrevista e deixo o convite para falarmos sobre literatura em outra oportunidade. Sei que o senhor cuida de informar sobre a grave questão da criminalidade em formato de ficção.

- Sim, embora os leitores prefiram lidar com situações distantes da realidade. Isto é ruim, pois a fuga dos problemas reais leva as pessoas um estado de infelicidade. Quando a realidade é conhecida, fica mais fácil lidar com ela. É o que penso.

 


 
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