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Abram seus corações, meninos!!

   

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Muito se tem falado sobre a cultura do estupro. E já que estamos em um momento propício pra se abordar o assunto, aproveito aqui pra compartilhar com vocês a última experiência que tive ao impulsionar um poema em minha fanpage “Marca d’Água”.

O poema versa sobre o amor ao meu primeiro neto, que completou dois meses esta semana, e o resultado da publicação me chamou a atenção. É como se eu tivesse feito uma pesquisa: nove entre dez pessoas que curtiram eram mulheres.

À medida que eu ia rolando a lista dos que curtiram, só dava mulher, jovens, adultas, mais velhas, todas igualmente apaixonadas pela foto do Bento em meus braços. Os comentários também eram todos de gente do sexo feminino: muitas desejando felicidades para a família e o novo rebento, algumas dizendo que iam dar o poema para filhos e netos. Comentário de homem? Nenhum!!! No máximo algumas curtidas, e olhem lá.

Curiosa, e já pensando em escrever sobre o assunto, observei alguns perfis dos homens que curtiram a publicação: de cada dez nove eram poetas, ou músicos, ou artistas de algum outro seguimento. Tinha um rapper, um grafiteiro e, no meio desses aparentemente mais sensíveis, um que era motorista de caminhão. Por favor, não me interpretem mal, não estou dizendo que um motorista de caminhão não possa ser sensível, muito pelo contrário, eles costumam ser uns chorões em seu solitário ofício. Mas esse se destacou em um parco universo de rapazes ligados à área de Humanas.
E aí fiquei me perguntando: por que não havia, entre os admiradores de poesia, um jogador de futebol, ou um torcedor fanático, ou um operador da Bolsa, um engenheiro, um publicitário, um vendedor de carros, um político?? Mas afinal, me pergunto, onde está a sensibilidade masculina?
O machismo não é propagado somente pelos homens, sabemos disso. Mulheres muitas vezes criam seus filhos sem deixar que eles lavem um prato, ou muito menos chorem. Os pais têm medo de que o menino vire gay. Mas gente, estou convencida de que um homem não vai escolher ser homossexual porque viu um filme triste que o levou às lágrimas, ou porque trocou a roupa de uma boneca da irmã. Assim como uma menina não vai ser gay porque jogou futebol ou brincou com os carrinhos do irmão. Quem escolhe parceiros do mesmo sexo para amar o fazem por todas as razões da vida que não essas.

Na verdade, o que fazemos é oprimir os meninos. Meninos não podem chorar nem sentir medo. Não podem pedir colo se estão cansados de andar. Na escola têm de brigar, e ganhar. E quando ficam adolescentes são pressionados a transar, de preferência com o máximo de garotas possível. Os pais os constrangem, as mães os poupam de todo o serviço doméstico, os colegas sacaneiam os meninos de 15 que ainda forem virgens. E isso é assim há séculos.

Estamos mudando aos poucos, (quase) tudo nesta vida só acontece mediante lentos processos de transformação. E então eu quero aqui dizer aos homens que porventura lerem esta coluna: rapazes, eu pertenço a um grupo de poetas cariocas e fluminenses e asseguro a vocês, temos mais hetero do que homossexuais no meio. E os que são gays não escolheram parceiros do mesmo sexo por causa da poesia. Aliás, o que muito se vê na poesia são homens sensíveis que usam seus talentos justamente para conquistar garotas. De todo modo, todos deixam a emoção fluir e continuam homens. Portanto, não é admirando uma publicação sobre a maternidade que um homem vai deixar de ser homem. Assim como também não é forçando uma mulher a fazer sexo que um homem vai se realizar em sua condição de macho. Muito pelo contrário, estuprar uma mulher é apenas um ato hediondo de violência, não há nada de prazeroso para essa vítima.

Creio ser o momento que vivemos extremamente enriquecedor para as relações humanas. Infelizmente, nem sempre as pessoas compreendem que o direito de um acaba quando começa o do outro. E eu ainda espero viver para ver mais homens curtindo uma poesia singela sobre o amor. Estamos juntos, pela arte, pelo amor, pelo respeito humano. Esse é o caminho do bem. Até que haja paz no mundo!


 
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