Que nostalgia
bate em meu peito quando ouço a bela “Canção da vitória”,
tema de tantas glórias que nos foram ofertadas pelo melhor
piloto de fórmula 1 da história: Ayrton Senna. Faz-nos muita
falta aquelas alegrias matinais de domingo, carregadas por
emoções a cada curva que o notável automobilista realizava.
As sensacionais ultrapassagens e as conscientes rivalidades
travadas Alain Prost, Nigel Mansell, entre outros de menor
quilate, tornavam a nossa vontade de ver o Brasil vencendo
cada vez mais evidente. Contudo, em uma fatídica curva, em
que o ilustre piloto fora tomado pela contumaz e desenfreada
vontade de vencer, nós acabamos por perder a esperança de
continuidade de nossa dominical felicidade. Um capítulo
triste foi registrado em nossa história e nos tornamos menos
patriotas.
De lá pra cá,
muitos ídolos, que se preocupavam com a situação
sócio-econômica dos povos, fizeram a sua passagem para o
outro plano. Perdemos Renato Russo, que não tinha pudores de
cantar as mazelas do Brasil para os quatro cantos do mundo
em “Que país é este?”. Antes dele, Cazuza se despediu
clamando avidamente por uma ideologia para viver, pois ela
já se esvai entre os dedos daqueles que nela ainda
acreditavam. A literatura também deixou sua marca quando se
foi o saudoso escritor Ariano Vilar Suassuna, que foi ao
encontro de nosso Pai no dia 23 de julho de 2014, mas que,
enquanto esteve entre nós, brindou-nos com seu notável
conhecimento de nossa cultura, pelo que merecem destaque os
clássicos “Auto da compadecida” e “A pena e a lei”. Neste
ano de 2016, o cinema se despediu de Héctor Eduardo Babenco,
cineasta argentino, de ascendência judaico-ucraniana, que
fora naturalizado brasileiro. Babenco mostrou faces da
discriminação e do tratamento desumano dispensado aos que
sofrem a exclusão social, com as memoráveis películas
“Pixote, a lei do mais fraco” e “Carandiru”.
Muitos outros
nomes de pessoas sensacionais poderiam ser citados, mas
infelizmente faltaria espaço nessa Coluna para prestarmos as
devidas homenagens detalhadas a cada um deles. Mas nem por
isso eles foram menos importantes que aqueles aqui
expressamente mencionados. A grande questão que nos salta
aos olhos é que não temos mais a maior parte de nossos
heróis, que eram baluartes protetores de nossa pátria seja
pelo esporte, seja pela música, seja pelo cinema ou
literatura. Restam-nos poucos heróis que ainda se dispõem a
lutar por um país melhor.
Mas não devemos
desanimar, pois os poucos podem fazer muito. Estamos às
vésperas de eleições municipais e, observando o cenário
político que pode se formar com os que atualmente são
candidatos, sobram pouquíssimas opções de voto. Percebe-se
tal fato, de modo bastante nítido, quando temos, por
exemplo, 34% das intenções de voto brancos ou nulos em
Niterói. Por que tantos pensam em votar nulo ou em branco? É
simples, porque os nossos “heróis morreram de overdose”
–parafraseando Agenor de Miranda Araújo Neto (Cazuza) - e
não temos heróis em nossa política para nos proteger.
Que surjam novos
heróis da resistência em nossa nação e viva a cidadania!
Professor Barragan é Advogado, Contador,
Vice-Presidente da Comissão de Cultura Jurídica da OAB
Niterói, Professor de Direito Tributário e Financeiro e
Mestre em Direito Econômico e Desenvolvimento | Facebook:
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