Quem matou Teori?
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Publicado
em 28/01/2017 |
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Agatha Christie, em seus muitos romances policiais,
costumava jogar a culpa no mordomo. Isto porque não haviam o
maior projeto criminoso de poder alimentado por um
presidente populista, corrupto e líder de um partido,
igualmente, populista e corrupto; figuras tanto o quanto
suspeitas e dispostas a roubar, falsificar e, até, matar;
deputados e senadores capazes de fazer o mesmo; empresários
dispostos a tudo para continuar mamando nas tetas de uma
máquina de fazer dinheiro e ceifar vidas, matando,
corrompendo e prejudicando, de todas as maneiras, milhões e
milhões de brasileiras e brasileiros e, claro, a Lava Jato,
cujos mais de 120 inquéritos e ações penais envolvendo
parlamentares e ministros estavam nas mãos do relator do
STF, Teori Zavaski, morto, em queda de avião, há duas
semanas.
Teorias (sem o trocadilho que o ministro e caso requerem) da
Conspiração à parte, num momento de extrema turbulência
econômica e política que o País atravessa, já que envolvem
tantos suspeitos importantes e naturais, achar que o
ministro pode ter sido vítima de alguma estratégia para
ganhar tempo ou mesmo intimidar outros juízes de tribunais
de várias instâncias, não é nenhum devaneio, delírio ou
linha que não possa ser investigada por tantos membros de
uma Justiça que, tudo indica, ainda conta com pessoas
dispostas a elucidar crimes, caso existam, e continuar
trabalhando por um Brasil melhor. E mais sério e justo para
todos.
Mesmo não se podendo admitir - e concluir - que sua morte
não foi uma ‘simples’ fatalidade, com todo conjunto que o
acidente aéreo pressupõe, é relevante sua seriedade durante
toda vida profissional (erros acontecem até quando se
defende ideologias políticas equivocadas) e, mais, tudo que
ele tinha nas mãos, como, por exemplo, as oitivas dos
depoimentos dos delatores da Odebrecht; vistas de ações como
a descriminalização das drogas, a validade das decisões que
determinam o fornecimento de medicamentos de alto custo da
rede pública de saúde, além de casos penais envolvendo o
governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o senador Ivo
Cassol, ambos com foro privilegiado, entre tantas outras,
como o pedido de habeas corpus de Eduardo Cunha,
ex-presidente da Câmara, preso em Curitiba e que também
poderia ter interesse em troca de relator e pareceres
favoráveis, possivelmente, diferentes da intenção do
ministro vítima de uma provável sabotagem.
Mas, como brasileiros, vamos continuar acreditando - e
pedindo a proteção divina - para ver a Polícia Federal, a
ministra Carmem Lúcia, presidente do STF e o Senado - a quem
cabe aprovar o substituto do ministro Teori feita pelo
presidente Michel Temer, fazendo seu trabalho de maneira
isenta e à altura para que os malfeitores da República
paguem por seus crimes e a população não seja intimidada por
alguém que possa se achar acima da lei e da ordem.
* João Direnna é jornalista, psicólogo e ainda acredita que
mortes não significam fim de tudo.
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