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Publicado em 09/09/2017

 

Panorama • João Direnna


AGORA VAI
A grande bomba da semana não vem da Coreia do Norte de Kim Jong-un. Nem da Câmara Federal de Fufuca, muito menos do Palácio comandado por Rodrigo Maia que ficou no lugar de Michel Temer que foi fazer figuração na China. Também não é parte de nenhum episódio do Chaves estrelado por eles. Vem da Bahia de Geddel Vieira Lima, homem forte nos últimos governos e da aliança PT-PMDB, que a Polícia Federal encontrou em um suposto bunker onde o ex-ministro, aliadíssimo e, talvez, sócio do presidente, armazenaria recursos ilícitos para serem distribuídos, certamente, para altos comissionados governamentais. A contagem final somou espantosos R$ 51.030.866,40, segundo o balanço definitivo da PF, que precisou de sete máquinas para contar os milhares de notas. Além de reais, nessa quantidade também se contabilizaram dólares, US$ 2,688 milhões (R$ 8,387 milhões). A montanha de dinheiro encheu ao menos dois porta-malas de camionetes usadas no cumprimento do mandado judicial e tem sido apontada como uma das maiores apreensões do tipo em todo mundo e em todos os tempos. Resta saber se o excelente trabalho realizado pela Justiça vai resultar em desmanche de novas quadrilhas e prisões de personagens que todos sabemos estar por trás da corrupção e da máquina carcomida chamada Brasil.

INDEPENDÊNCIA
Quinta -feira, comemorou-se mais um ano de independência pois, no dia 7 de Setembro de 1822, o Brasil assegurou a emancipação da ex-colônia portuguesa. Foram várias as causas, uma vez que no início do século XIX a situação do Brasil, do ponto de vista político, continuava a mesma do século anterior. Entre as mais importantes estão a vontade de grande parte da elite política brasileira em conquistar sua autonomia e o desgaste do sistema de controle econômico, com restrições e altos impostos, exercido pela Coroa Portuguesa. Passado tanto tempo, várias foram as conquistas no campo econômico e o Brasil, definitivamente, alcançou reconhecimento mundial neste setor. Mas e a autonomia política tanto almejada? Será que tem contribuído para a verdadeira independência de seu povo? Ou será que, hoje, o Brasil 'independente' se deixou levar pela mais perigosa forma de colonizá-lo e escravizá-lo que é a corrupção?

RUMO A 2018
E enquanto a bola não rola rumo à Copa da Rússia e, muito mais importante, àquela que vai definir nossos destinos para os próximos quatro anos, qual seja, a eleição para presidente em outubro de 2018 (atenção Justiça Eleitoral, Caravanas caracterizam extemporaneidade, hein), começam a ganhar corpo e alma algumas tentativas de se lançar nomes para a disputa que inicia daqui a nove meses. Em campo, elle, sempre elle, Lulla da Silva, Bolsonaro, alguém do PSDB (não se sabe ainda se Alckimin ou Dória), Ciro, Marina e outros que optaram por ficar no banco aguardando instruções e acontecimentos que podem incluir até cassações de registros. É aguardar pra ver se surge coisa melhor!

BARBÁRIE
Sem ser puritano, tampouco defensor de radicalismos nos moldes bolsomíticos, está cada vez mais difícil assistir TV com a família sem se envergonhar (se bem que às vezes dá vergonha de ser brasileiro). Já não bastam algumas novelas, filmes, programas jornalísticos e de variedades com conteúdo selvagem, cruel, desumano e grosseiro - sem falar nos temas de sexualidade simplesmente jogados no ar - e agora deram para infestá-la com gravações feitas por criminosos cujo conteúdo é de retirar qualquer um da sala. Os áudios de Michel Temer, Lula, Dilma, Aécio Neves, Romero Jucá, Renan Calheiros, só para citar alguns dos mais altos figurões da república, definitivamente, deram vez aos pornográficos de Joesley "Safadão" Batista que, além de assassinar o idioma, usam de extrema violência, agressividade, ironia e até de canas de sexo explícito ao se referir aos poderes constituídos de uma republiqueta.

UMA LUZ NO FIM
Para não dizer que não se faz nada que preste no Brasil, notadamente, pelos poderes da república de bananas - para não chamá-la de republiqueta a toda hora -, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, dia desses, determinou que todos os tribunais publicassem dados sobre estrutura e remuneração de seus magistrados, enviando cópias das folhas de pagamento para controle orçamentário e financeiro mostrando, assim, transparência aos cidadãos e órgãos competentes. Isto aconteceu porque parte da população vem se manifestando, através das redes sociais e das ruas e após ter conhecimento (santa inocência?) dos salários mensais de 84 magistrados do Mato Grosso do Sul que recebiam (em) até R$ 95 mil mensais, ultrapassando o teto constitucional de R$ 33.700 (risos, não me contive). Outra boa coisa, que veio no bojo da solicitação da ministra, foi conhecer o resultado da pesquisa do CNJ que apontou para outras safadezas, digo, mordomias do poder judiciário: R$ 84,8 bilhões ou R$ 47,7 mil pagos a cada magistrado por mês. De qualquer maneira, uma boa atitude de V. Exa., que esperamos traga mais moralização e economia para os cofres públicos que poderia, assim, parar de esbanjar o dinheiro da saúde, da educação, dos transportes, da segurança, do INSS, enfim, do povo que não aguenta mais tanto desperdício e roubalheira.

LOCUPLETAÇÃO
Com a onda de corrupção que tomou conta do País, tema frequente de todos os noticiários, principalmente, em tempos de operações como a Lava Jato, muito tem se falado sobre sua origem, sobre o toma lá dá cá enraizado na cultura do brasileiro cada vez mais acostumado com a prática de levar vantagem, seja ao tentar impedir uma simples infração de trânsito (a famosa cervejinha pro guarda) ou uma multa do fiscal daquela prefeiturazinha do interior, seja tentando liberar produtos, geralmente, ilegais em portos ou aeroportos ou até em tempos de campanha eleitoral, quando grandes empresas fazem grandes negócios por "amor à causa, ideologia e mesmo patriotismo" pois não é raro tal alegação de empresários ao serem presos. Alguns historiadores afirmam ter chegado no dia em que Dom João desembarcou no Rio de Janeiro, em 1808, e recebeu 'de presente', de um traficante de escravos, a melhor casa da cidade, a Quinta da Boa Vista e depois, como recompensa, passou a gozar dos privilégios da Corte por ser 'amigo do rei'. Dois séculos se passaram e as bacanais de hoje se sofisticaram e são muito, muito maiores dentro e fora do governo. Basta ver o que acontece nos legislativos e executivos (estes sem exceção) e no Judiciário (com algumas) onde fica comprovada a orgia com o dinheiro público, resultando na crise de todos os setores e na máxima que os generaliza como farinha do mesmo saco.

Frase da semana: O filme da Lava Jato prende o espectador até o fim, mas Gilmar Mendes solta.

* João Direnna é jornalista e psicólogo e responsável pelo blog do direnna. www.dirennajornalista.blogspot.com


 


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