Câmara de Niterói faz sessão solene em memória das vítimas do Holocausto
Pelo décimo segundo ano consecutivo a Câmara de Vereadores de Niterói realizou sessão solene em homenagem às vítimas do holocausto judeu. Na noite da última segunda-feira (09/04), autoridades eclesiásticas e representantes da comunidade judaica, reuniram-se em torno dos seis milhões de judeus mortos durante a Segunda Guerra Mundial.
Formaram a mesa principal, presidida pelo vereador Bruno Lessa (PSDB), dom Luiz Ricci, bispo auxiliar de Niterói, representando os arcebispos do Rio, dom Orani Tempesta, e de Niterói, dom José Francisco Rezende Dias; o rabino Eliezer Staulber; o presidente do Memorial Judaico de Vassouras, Luiz Benyocef; e o presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, Herry Rosenberg.
Após a execução do Hino Nacional, o Coral Moisés Kawa, da Associação David Frischman de Cultura e Recreação (ADAF), entoou o Hatikva, Hino de Israel, sob a regência de Fátima Mendonça e acompanhamento ao piano de Leandro Campannatti. Eliezer Stauber fez duas preces em homenagem às vítimas. Em seguida, o ponto alto da sessão solene, seis velas foram acessas por convidados e autoridades, cada uma representando um milhão de pessoas mortas.
Outro momento marcante foi quando Marguerite Hirschberg, sobrevivente dos campos de concentração, deu seu depoimento. Nascida em 1933 na Alemanha, sofreu até os 12 anos de idade. Filha de um médico e de uma enfermeira, era humilhada todos os dias na escola. Obrigada a colocar uma estrela de David no peito, ela era chamada pelos colegas de “judia suja”. “Eu tinha medo de sair à rua. Os nazistas nos impediam de comer carne e nossas joias tinham que ser entregues aos nazistas. Em 1942, fui deportada para o Campo de Treblinka”, contou, emocionada. Marguerite recebeu moção de congratulação e aplausos das mãos de Bruno Lessa e do vice-presidente da Câmara, Leandro Portugal (PV), que representou o presidente da Casa, Paulo Bagueira (SD)
Dom Luiz Ricci disse que a igreja “reprova qualquer tipo de perseguição entre os homens e deplora o antissemitismo”, ressaltando que “é preciso vencer o estigma da morte pregando a união”. O pastor Silas Steves, da Igreja Palavra Viva, lembrou que “o desejo de calar Israel ainda persiste e precisamos estar atentos e vigilantes”. Já o rabino Staulber contou que perdeu os irmãos e os avós durante a guerra e destacou a boa convivência entre as lideranças religiosas.
Ao final da sessão receberam a Medalha Zilda Arns o cardeal dom Orani Tempesta e Luiz Ricci e o rabino Staulber. Além de Marguerite, receberam moções de aplauso Sofia Débora, Levy Jacób, o médico Jacób Lipster, Gerson Kortchmar e o pastor Silas Steves.
Em Niterói, a solenidade foi instituída pela Lei Municipal 2.323/09, de autoria do vereador José Vicente Filho, introduzindo no calendário municipal o dia 19 de abril como data para reverenciar as vítimas e sobreviventes de uma das maiores tragédias da humanidade.
Os horrores da guerra
Após a sessão solene foi aberta, no hall de entrada da Câmara, a exposição “Os horrores do Holocausto retratados por suas vítimas”, que tem curadoria do Memorial Judaico de Vassouras. “É importante a realização dessa solenidade para que fique marcada na memória, os horrores que seres humanos passaram em campos de concentração, fruto da intolerância. Cada vez mais precisamos de momentos como essa sessão solene, para não só relembrar os horrores que seres humanos foram capazes de fazer e, principalmente, impedir que os discursos extremistas de ódio cresçam em nossa sociedade”, afirma o vereador Bruno Lessa. O presidente da Casa, Paulo Bagueira, é autor de um projeto de lei que prevê no currículo das escolas públicas, lições sobre o holocausto nazista.