ColunaCristina LebregazetanitPalavras

Palavras | Tributo à chuva fina | Cristina Lebre

Tributo à chuva fina

Chuva, embala nossas noites
cai leve, e traz consigo a bruma
que massageia cabelos densos
por entre os caminhos tensos
dos dias que com avidez passam
sem se importarem
em não mais voltar.

Chuva, vem sobre as plantas
e delas a secura suplanta
alivia-lhes o pranto
de esperar um tempo tanto,
que parecia não mais
acabar!

No pé da serra
faz-se mais grossa;
rega a terra,
o verde, em mais verde transforma,
e gera aquela
que um dia foi apenas
semente.

Quem dera, chuva, a vida fosse você, somente,
e seus pingos batendo livres na janela
a brisa entrando por ela
os pássaros lisonjeando as águas
derramadas dos céus!

Sofregamente eu imploro
por mais noites como essa
por todos os dias em seu colo
por mais amor entre os viventes
por menos palavras vis
calúnias febris
entre dentes!

Oh, chuva, molha gargantas secas
de intensas e intrínsecas dores
de decepções e desamores.
Lava com seu poder de glória
traumas e chagas
ainda ferventes,
pois você vem do alto
é dádiva, na memória,
permanente.

Esfria os ânimos quentes
corações exaustos, gritos estridentes,
invejas, ódios, mágoas latentes,
limpa, torna mais alva
a paz entre as gentes!

Chuva que vem formosa
acalma, aglutina seus povos todos
em uníssono canto
de amor e perdão,
só você, água poderosa,
que tanto alivia
corpos
e mentes.

Sim, você mesma, chuva fina
e intermitente.

Deixe um comentário

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com