Marcha das Mulheres pede dignidade em São Gonçalo
Mulheres do Projeto Artemísia de São Gonçalo participam da Marcha das Mulheres e criam a primeira cooperativa de saboaria no Estado do Rio de Janeiro. Ação aborda a falta de Dignidade Humana no município e ocorrerá no dia 25
As mulheres do Projeto Artemísia de São Gonçalo participarão da 2a edição da Marcha das Mulheres pela Dignidade Humana, no município, no sábado, dia 25 de março, às 9 horas, com concentração na Rua Salvatore, 8, no Espaço Repartição.
A Marcha seguirá até a Praça Marisa e logo após o término, lideranças de movimentos sociais e comunitárias se reunião no Espaço Mais Conhecimento, no Partage Shopping, no segundo piso, loja 269, para traçar estratégias de resgate da dignidade humana, em São Gonçalo. Será entregue às autoridades o Dossiê “São Gonçalo na Rota Humanitária do Governo Brasileiro”, que apresenta as diversas formas de violação de direitos que vêm ocorrendo no município, especialmente nas áreas de saúde e saneamento básico.
No shopping, ainda, 60 participantes do Projeto Artemisia realizarão a Assembleia de Fundação da Cooperativa de Mulheres Saboeiras do Estado do Rio de Janeiro. Essas mulheres são protagonistas desse projeto que é uma iniciativa do Movimento Cidade no Feminino, em parceria com o Departamento de Engenharia Agrícola e do Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense (UFF). O eixo central do projeto é o desenvolvimento de ferramentas de empoderamento feminino para maior participação política e social. Além disso, inclui a implantação de negócios de impacto social, a partir da produção de cosméticos naturais, especialmente sabonetes. O projeto está sendo implantado em 10 comunidades de São Gonçalo: Lagoinhas, Jockey, Salgueiro, Neves, Venda da Cruz, Itaoca, Jardim Catarina 1 e 2, Sacramento e Monjolos.
A Marcha tem parceria com o Festival Literário de São Gonçalo (FLISGO), Fórum de Desenvolvimento Sustentável e Resistência Democrática (FDSRD-SG) e Grupo Liberdade Santa Diversidade, dentre outros movimentos, e reivindica às autoridades, atuação efetiva na saúde, no meio ambiente e na moradia, sobretudo, junto às comunidades, que sofrem nesse período de chuvas em que diversos moradores estão vivendo em condições sub-humanas.
Mulheres participantes do projeto informaram que mesmo duas semanas após as águas terem invadido as suas casas e as deixarem com rachaduras, não tiveram avaliação da Defesa Civil da cidade, não receberam o auxílio aluguel ou qualquer outra ajuda. Outras denunciam que seus filhos começaram a ter alergias e coceiras pelo corpo, e o atendimento médico está muito moroso. “Estamos abandonadas! Esse é o nosso sentimento! Sem perspectiva de trabalho, sem saúde, sem saneamento básico em nossas comunidades, sem dignidade”, comentou uma das mulheres, chorando.
A situação dessas mulheres que compõem grande parcela da população gonçalense se assemelha à situação dos Yanomamis – desnutridos e doentes – em Roraima, dos mortos e dos desabrigados pelos deslizamentos e pelas enchentes em São Sebastião, São Paulo; à devastação da agricultura, em Bagé, no Rio Grande do Sul. Todos são fenômenos socioambientais que atingem, em diferentes medidas, o município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, onde a situação ainda se agrava com a violência urbana, não apenas sentida pelos moradores, mas visualizada por muitos, também pela matéria do Fantástico, no domingo de 12 de março, denunciando que a cidade possui o maior avanço de barricadas/domínio do crime organizado, no Estado do Rio de Janeiro.
“Queremos colocar São Gonçalo na rota humanitária do governo brasileiro que vem empreendendo esforços para resgatar a dignidade das pessoas. Precisamos com urgência dessa intervenção federal”, afirma Leila Araujo, cofundadora do Movimento Cidade no Feminino, coordenadora do Projeto Artemísia, associada ao Núcleo de Autonomia em Saúde do Instituto de Medicina Social da UERJ.
Parlamentares e representantes dos governos estadual e federal são esperados para uma conversa com lideranças dos movimentos sociais da cidade. Já confirmaram presença as vereadoras Janilce Magalhães (PSOL – São Gonçalo), Priscilla Canedo (PT – São Gonçalo) e o Deputado Federal, Dimas Gadelha (PT – São Gonçalo).
Foto: Gyander Matias