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Rio em alerta: calor extremo afeta saúde dos idosos

Especialistas orientam sobre cuidados essenciais para proteger a população 60+ em dias de alta temperatura. 

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Nesta segunda-feira, dia 17, a cidade do Rio de Janeiro registrou o dia mais quente do Verão: 41,3º C, com sensação térmica de 42º C. O município entrou em Calor 4 (NC4), patamar inédito na escala de 5 níveis de calor determinados pela prefeitura em 2024 para alertar sobre a temperatura na cidade.

O calor excessivo exige cuidados especiais, especialmente para a população 60+, que pode sofrer mais com os efeitos das altas temperaturas. De acordo com o geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Dr. Marco Túlio Cintra, a desidratação e a hipertermia, quando o corpo atinge uma temperatura mais elevada que o normal, além do câncer de pele, são os principais problemas que os idosos podem enfrentar com a exposição inadequada ao Sol. Ele alerta para os sintomas desse aumento da temperatura. Entre os mais comuns estão tontura, dor de cabeça e mal-estar. “Estes sintomas podem evoluir para situações mais graves, como desmaios e crises convulsivas. Por isso, todo cuidado e atenção são necessários”, explica.

Hidratação sem moderação

A questão da hidratação precisa ser levada a sério. Dr. Cintra revela que pessoas idosas tendem a ter a sensação de sede reduzida, além da dificuldade de troca de calor. Segundo ele, o mecanismo da sede pode estar comprometido na pessoa idosa, o que pode levar a uma diminuição na ingestão de líquidos e, por essa razão, há a necessidade de estimular esse consumo.

“Artifícios como água saborizada, sucos leves, chás frios e água de coco podem ser usados, pois garantem a hidratação adequada”, afirma o geriatra, reforçando que é importante evitar bebidas alcoólicas, cafeinadas ou muito açucaradas, pois podem contribuir para a desidratação. Alimentos ricos em água, como frutas – melancia, melão e laranja – auxiliam na hidratação, assim como alguns vegetais, como pepino e abobrinha.

“É fundamental estar atento a sinais como lábios e língua secos, diminuição do volume da urina, alterações de comportamento, confusão mental, tontura e fadiga. Tudo isso pode indicar que o idoso está desidratado”, alerta o especialista.

Alimentação leve e segura

Manter uma alimentação balanceada faz diferença na estação mais quente do ano. Dr. Cintra sugere dar preferência a refeições leves e de fácil digestão, evitando alimentos gordurosos e pesados. Saladas, frutas frescas e proteínas magras são boas escolhas.

“O armazenamento adequado dos alimentos precisa de atenção para prevenir intoxicações alimentares, que são comuns no Verão”, destaca o médico, alertando para o risco de alimentos estragarem mais rapidamente em dias muito quentes.

Ambientes frescos e proteção solar

Outro ponto fundamental é manter a pessoa 60+ em ambientes frescos e ventilados. O uso de ventiladores ou ar-condicionado é altamente recomendado para evitar que os locais fiquem abafados, principalmente nos dias de calor extremo. Caso o idoso não tenha acesso a ambientes climatizados, vale buscar espaços públicos refrigerados, como shoppings.

Além disso, é essencial evitar a exposição ao Sol no horário de pico, entre 10h e 16h, e utilizar protetor solar com fator de proteção alto (FPS 30 ou superior) em todas as áreas expostas da pele, mesmo nos dias nublados. O uso de proteções físicas, como roupas leves, claras e de tecido natural – como o algodão, que facilita a transpiração – boné, chapéu e óculos de sol, ajudam a proteger a cabeça e os olhos da radiação solar.

O geriatra também comenta que, no Brasil, um país tropical com dimensões continentais, o clima quente não se restringe apenas ao Verão. “Esses cuidados precisam ser tomados durante todo o ano, independentemente da estação. O fato é que a pessoa idosa é mais suscetível a temperaturas extremas, tanto as mais elevadas quanto as mais baixas, por isso devem estar atentas, inclusive familiares e cuidadores”, enfatiza Dr. Cintra.

Cuidados com as atividades físicas

As atividades físicas devem ser realizadas apenas nos horários mais frescos, como início da manhã ou final da tarde, dando preferência a exercícios leves, como caminhadas, alongamentos e hidroginástica. “Mesmo com a temperatura mais amena, não se pode abrir mão da garrafa de água para manter a hidratação”, orienta o especialista.

Momentos de socialização em ambientes seguros e frescos devem ser incentivados para evitar o isolamento, algo comum em períodos de calor extremo. Dr. Cintra sugere atividades relaxantes que não exigem esforço físico excessivo, como leitura, jogos de tabuleiro e assistir filmes.

Para os idosos acamados ou com mobilidade reduzida, a família ou cuidadores devem mudá-los de posição várias vezes ao dia para evitar desconforto e lesões na pele. Além disso, é preciso verificar se o colchão e as roupas de cama são adequados para a estação, redobrando os cuidados com a hidratação e a ventilação do ambiente.

Atenção redobrada e apoio familiar

Os idosos são mais vulneráveis a condições climáticas extremas, e o suporte de familiares e cuidadores é essencial para garantir o bem-estar e a segurança durante o Verão. Dr. Cintra ressalta que é fundamental observar os sintomas de desidratação e outros sinais de alerta, agindo rapidamente para evitar complicações.

“A conscientização e o cuidado preventivo são as melhores formas de proteger a população 60+ do calor excessivo. Manter a hidratação, proteger do Sol e garantir um ambiente fresco e seguro são medidas simples, mas que fazem toda a diferença”, finaliza o geriatra.
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