Já virou lugar-comum dizer que o estresse é o mal do século, mas infelizmente esta é uma afirmação pertinente, já que a comunidade científica do Brasil e do mundo a cada dia confirma e revela detalhes sobre esse trauma emocional, geralmente provocado pela rotina agitada da vida contemporânea. E as mulheres se tornam alvos fáceis desse estado, uma vez que se desdobram para dar conta das dezenas de responsabilidades que lhes cabem.

Pós-graduada em medicina ortomolecular e antienvelhecimento, com especialização em modulação hormonal, a médica Jacqueline Serra diz que a medicina ortomolecular está atenta a esse fenômeno que não é novo, mobilizando especializações quase que exclusivas para acrescentar novidades aos tratamentos médicos. "Principalmente porque crescem as pressões no trabalho, o trânsito caótico, os problemas pessoais e os assuntos que mantêm o ser humano em alerta ou em tensão, capazes de desencadear estresses em diversos níveis", Jacqueline explica que o estresse é a resposta fisiológica do organismo como forma de defesa natural a essa enxurrada de situações.

Nesse estado de permanente sobressalto, o organismo produz substâncias que tendem a mantê-lo na faixa de equilíbrio. Porém, quando em grande escala, a produção dessas substâncias pode entrar em uma faixa deficitária por esgotamento de função das glândulas e gerar um desequilíbrio orgânico.

A médica conta que uma determinada empresa realizou uma pesquisa, em abril deste ano, com 17 mil mulheres, em 12 estados brasileiros. De acordo com o estudo, as mulheres têm nível de estresse mais alto do que os homens. Nesse caso, vale atenção redobrada porque um dos problemas que mais aumenta entre as mulheres é a menopausa precoce, decorrente do nível elevado de estresse. "E se o estresse não é considerado uma doença, pode desencadear uma série de enfermidades como câncer, depressão, males gastrointestinais, ataques infecciosos e distúrbios reprodutivos", alerta Jacqueline.

A especialista também ressalta que o estresse é um dos fatores que mais contribuem para o envelhecimento sexual. Segundo ela, a produção de cortisol, substância responsável pela defesa do organismo, é da maior importância para o nosso corpo, pois os hormônios sexuais masculinos e femininos são produzidos a partir do próprio cortisol. Então, quando ocorre uma situação de estresse, o organismo tenta se equilibrar e produz maior quantidade de cortisol em detrimento dos hormônios sexuais, ocasionando uma menopausa precoce ou uma queda na taxa desses hormônios.